Obstinação feita de plástico

13/09/2018

A preocupação em pensar no futuro profissional a longo prazo e produzir material sustentável sempre esteve presente na vida de Ricardo Jamil Hajaj. Mesmo antes de saber exatamente em qual área iria construir sua carreira, o empreendedor paulista tinha como certa a ideia de trabalhar em prol do meio ambiente e do consumo consciente. Demorou um pouco para que o engenheiro decidisse montar a Cimflex, na cidade de Maringá, mas a ideia de utilizar o plástico como matéria-prima de trabalho já tinha surgido há quase 40 anos.

"Trabalho com plástico desde 1978. Passei por todos os setores, incluindo a transformação, petroquímica e produção. Já são 36 anos de trabalho com as embalagens e de preocupação com o que fazer com as mesmas no campo, e hoje faz 14 anos que estou no fim da linha do processo, contribuindo para mudar a cultura e incentivar cada vez mais a reutilização e a reciclagem", conta Ricardo, que começou mexendo com metal, mas mudou o foco de atuação porque enxergava no plástico uma alternativa de crescimento no futuro.

Toda a experiência adquirida por anos de contato direto com novos produtos e tecnologias em empresas de perfis completamente diferentes, como uma petroquímica e uma grande fabricante de eletrodomésticos, por exemplo, serviu de bagagem para que o executivo montasse a Cimplast em 1995 e, apenas dez anos depois, levasse a empresa a liderar o mercado de produção de embalagens para agrotóxicos. Mas a guinada na carreira profissional começou lá atrás, ainda em 1992.

"Nessa época, eu já pensava na sustentabilidade do negócio, pois as embalagens utilizadas no campo não tinham uma destinação adequada, ficavam jogadas, contaminando o meio ambiente. Foi quando passei a desenvolver um trabalho de reciclagem no campo com a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) que posteriormente criou o inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias)". Com isso, em 2002, a Cimflex abriu um novo campo de atuação e passou a reciclar as embalagens de agrotóxicos no Brasil.

A partir de então, a reciclagem passou a ser o principal motivador do trabalho para o Ricardo. Em 2004, a Cimflex foi inaugurada em Maringá, justamente para aproveitar a crescente demanda criada pela COCAMAR que, na época, era a segunda maior cooperativa do Paraná e a maior empresa no recolhimento de embalagens plásticas da região. Hoje, a produção de dutos, tubos, resinas e lonas plásticas da Cimflex abastece vários segmentos da indústria na parte sul do estado e em outras cidades da região sul do país.

O mundo está se transformando, segundo Ricardo. Sobre a pecha de "patinho feio" que o setor de plástico ganhou nos últimos tempos com as polêmicas em torno dos canudinhos, dos copos e das sacolinhas, o executivo acredita que existe uma grande oportunidade de virar o jogo, por conta do crescente movimento de conscientização vindo dos Estados Unidos e de países da Europa e que já chegou ao Brasil como uma avalanche: "Se o material plástico não fosse tão bom, tão bonito e tão acessível, não teria ocupado tanto espaço na nossa sociedade. Precisamos resolver alguns gargalos para criar incentivos a fim de que as empresas passem a consumir reciclados. Se você não reciclar e não reutilizar, o consumidor deixa de usar o seu produto e, sem os recicladores, o mercado de plástico para".