17/06/2020

Jornal Valor Econômico - País recicla 22% do lixo plástico que é gerado

 
O Brasil tem avançado na reciclagem de plástico pós-consumo e, segundo o estudo mais recente encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), o índice de reciclagem mecânica no país estava em 22,1%, comparável a 24,2% nos Estados Unidos e a 75,1% na União Europeia. Os dados têm como base o ano de 2018 e mostram que houve crescimento de 37% na reciclagem de plástico pós-consumo, para 758 mil toneladas.

O estudo anterior, de 2016, indicava que haviam sido recicladas 550 mil toneladas de resíduos plásticos. "O índice de reciclagem é muito afetado pela conjuntura econômica. 2018 foi um ano em que a indústria já se recuperava da crise e 2019 pode ter sido um ano de consolidação de um índice maior", diz a sócia da consultoria MaxiQuim, Solange Stumpf, que realizou a pesquisa para o PICPlast, uma parceria entre Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e a Braskem.

Em 2018, o país gerou um total de 3,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Desse volume, 991 mil toneladas tiveram como destino a coleta seletiva, cooperativas, centros de triagem e sucateiros, mas 234 mil toneladas se perderam no processo - na maior parte das vezes por causa da presença de contaminantes - e foram parar em aterros sanitários. Assim, foram efetivamente recicladas 757 mil toneladas, de um total de 3,4 milhões de toneladas, resultando no índice de 22,1%.


Naquele ano, mostra o estudo, o faturamento bruto da indústria foi de R$ 2,4 bilhões, com 18,6 mil empregos e capacidade instalada de 1,8 milhão de toneladas. O levantamento mapeou 716 empresas em operação, das quais 88,5% instaladas nas regiões Sul e Sudeste. Fora desses mercados, a Bahia se destacou com 17 recicladoras.

O levantamento mostra ainda que mais da metade do plástico reciclado, ou 54,3%, tem origem no uso doméstico, e 65% do volume reciclado correspondeu a plásticos de uso único, com destaque para as embalagens, que estão no centro do debate global sobre o material. Das 757 mil toneladas de resíduos reciclados, cerca de 43% foram transformadas em PET, 18% em polietileno de alta densidade, 17% em polietileno de baixa densidade e 15% em polipropileno, com aplicação em diferentes indústrias, entre as quais higiene e limpeza, construção civil, bebidas e alimentos - somente o PET reciclado pode entrar em contato com alimentos e bebidas, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A MaxiQuim está trabalhando nos números de 2019, mas Solange indica que houve crescimento. Mas em 2020, a covid-19 deve ter interrompido essa trajetória.