Uma forma de ajudar os mais desfavorecidos: Cristiano Santos conta a trajetória da cooperativa Recifavela

03/10/2019

 

No fim de dezembro de 2007, na mais antiga favela de São Paulo foi oficializada a primeira cooperativa de catadores de materiais recicláveis da Favela Vila Prudente de São Paulo, a Recifavela. O projeto nasceu da ideia de jovens catadores da favela e desde o início contou com o apoio de Cristiano Cardoso que via na iniciativa uma forma de devolver o propósito de vida para pessoas com poucas oportunidades.

O começo foi bem difícil, foram anos ali bem embaixo do viaduto da Grande São Paulo, onde muitos passavam e mal sabiam o que acontecia. Somente em 2012, quando a cooperativa se conveniou a Amlurb - Autoridade Municipal de limpeza Urbana -  que a cooperativa de fato começou a ganhar força, se estruturou e passou a fazer mais. Dali para frente a coisa andou e Cristiano e sua equipe conseguiram colocar em ação um plano que, hoje, arrecada mais de 150 toneladas de recicláveis por mês.

"A gente busca as pessoas mais vulneráveis". Esse é o processo seletivo, conta Cristiano. Quando a cooperativa aumenta seu volume em 7 toneladas, é hora de buscar novos integrantes. E quanto mais vulnerável a pessoa for, melhor. "Uma das nossas metas é resgatar o propósito de vida e por isso buscamos aqueles com pouca perspectiva, que não veem uma luz no fim do túnel, justamente para que o projeto consiga ajudá-los". Atualmente, 90% dos cooperados são mulheres e todas com pelo menos 3 filhos para criar.

"Eu faço parte da favela e sei o que é perder o sentido de viver e não ter uma vida digna. A Recifavela busca restaurar isso", complementa Cristiano. Mais do que um ponto sustentável, a cooperativa é uma nova oportunidade para as "minorias", como ele define. São cerca de 40 cooperados e entre eles, existem refugiados, ex-presidiários e representantes da comunidade LGBTQ+.

Além de dar uma oportunidade de trabalho a quem precisa, o projeto busca incentivar os cooperados a estudarem em aulas de inglês e cursos técnicos oferecidos pelo Sesi, Senai. Para o lazer, o local possui biblioteca, salão de jogos, academia, aulas de samba-rock e ainda uma área de descanso totalmente equipada.

Recircular

Estudos feitos pela Recifavela perceberam que a favela poderia ser ainda mais explorada. Um levantamento da cooperativa dentro da própria favela apontou que cada morador jogava fora cerca de (3kg) de material reciclável por dia, ou, na visão deles, matéria-prima. Por isso, está em processo de construção na favela um container de quatro andares que facilita a captação de resíduos.

O container funciona como uma estação de coleta portátil que, além de funcionar como coleta seletiva, ainda funciona como início doo processo de reciclagem. O local ainda faz reuso de água da chuva e tem painéis de captação solar para sua iluminação.

 

O próximo passo do projeto é ampliar a remuneração dos moradores da favela com criptomoedas e na sequência oferecer serviços financeiros voltados para pagamentos, recarga de bilhete único e celular. O Recircular tem como parceiros, A Banca, a Artemísia, FGV e está sendo acelerada pela Aceleradora de Negócios de Impacto da Periferia (ANIP).